Em alguns lugares do planeta azul, repleto de mentes mergulhadas na humanidade, eis que surgem ideias pontuais e inequívocas sobre nós mesmos. "Ainda há esperança!", esbraveja a criança. Gritos de sermões são sobrepujados ao fundo, agora vendem Jesus a preço de ouro e poder, como o próprio não viu em terra. E assim, o circo é montado, o leão ruge, os mágicos fazem rádio virar TV, os malabaristas fazem os olhos ficarem a mercê e o palhaço, ah o palhaço, o dono do circo, faz o show acontecer. A criança, ainda assustada, esquiva-se das pisoteadas em tom de brincadeira como em uma roda de diversão. "Quem quer brincar?", pergunta finalmente o palhaço que agora se pode enxergar, esnobando o doce em sua mão com um sorriso irônico e olhar intransigente. Mal sabe a criança que o doce acaba, o circo desarma e o palhaço, com a felicidade roubada, desmascara os devaneios de uma realidade frustrada na infância outrora sonhada. Alimenta a ganância, pobre criança. Sorrisos desconsertados, agora sois escravos dos sonhos que vistes nas maravilhas do circo. Talvez fosse triste se soubesse o palhaço que, quando a lona é baixada, sobra-se a luz pingada em tantos outros pontos no mar do escuro céu, iluminando os olhos daquela criança que dessa vez aponta para indicar de onde surge a esperança. Contudo, novamente em um crime desconcertante, baixam-lhe o dedo para fuga do pecado: "Não queiras criar uma verruga, seu danado!". Pobre criança, sonhos enjaulados, resignados e arrancados!
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